Escrever é como alimentar minha alma. É como gritar em silencio, é a forma de me sentir mais esperta, melhor, é a melhor parte de mim. Escrever é passar todo mundo pra trás, principalmente aquele eu de que eu mais me envergonho. Escrever é mais do que eu posso. Escrever é a única coisa, em que eu era boa, em que ninguém podia fazer eu me sentir mal, em que ninguém despertava a parte ruim de mim, nem a inveja, no máximo a admiração, nem a saudade, no máximo, o deleite.
Escrever era o refúgio, era o topo da montanha, era, ah.. era tanto. Escrever era deixar aparecer a parte divertida, a parte triste, a parte revoltada e a parte mais profunda da Brenda, era ignorar a ausência de todos, era escrever pelo puro escrever. Escrever era ignorar as críticas, as reclamações, as pessoas mesquinhas, estúpidas e tapadas. Era parar de ser mesquinha, estúpida e tapada. Escrever me tornava melhor. Escrever era tudo que eu tinha, tudo que me segurava, tudo que me garantia. Tudo que me dava a certeza. Escrever era meu diário pessoal, era minha piada interna, meus segredos revelados da maneira mais obvia e mais codificada possível no meio desse monte de letras misturadas e embaralhadas, escrever era me salvar a cada dia, era me orgulha, me superar.
Escrever pra mim é o tocar dos guitarristas, é o estetoscópio do médico, as ferramentas dos mêcanicos, a piada dos humoristas. Escrever era tudo que eu sabia fazer, e assim, em um passe de mágica, eu parei de escrever, e eu parei de saber.
Talvez em breve uma reforma, talvez só o vazio. Talvez 2011 traga coisas boas, talvez coisas ruins para o Eu nunca disse Adeus.
Ou talvez seja a hora de dizer Adeus.