domingo, 12 de dezembro de 2010

Writing

Escrever é como alimentar minha alma. É como gritar em silencio, é a forma de me sentir mais esperta, melhor, é a melhor parte de mim. Escrever é passar todo mundo pra trás, principalmente aquele eu de que eu mais me envergonho. Escrever é mais do que eu posso. Escrever é a única coisa, em que eu era boa, em que ninguém podia fazer eu me sentir mal, em que ninguém despertava a parte ruim de mim, nem a inveja, no máximo a admiração, nem a saudade, no máximo, o deleite.
Escrever era o refúgio, era o topo da montanha, era, ah.. era tanto. Escrever era deixar aparecer a parte divertida, a parte triste, a parte revoltada e a parte mais profunda da Brenda, era ignorar a ausência de todos, era escrever pelo puro escrever. Escrever era ignorar as críticas, as reclamações, as pessoas mesquinhas, estúpidas e tapadas. Era parar de ser mesquinha, estúpida e tapada. Escrever me tornava melhor. Escrever era tudo que eu tinha, tudo que me segurava, tudo que me garantia. Tudo que me dava a certeza. Escrever era meu diário pessoal, era minha piada interna, meus segredos revelados da maneira mais obvia e mais codificada possível no meio desse monte de letras misturadas e embaralhadas, escrever era me salvar a cada dia, era me orgulha, me superar.
Escrever pra mim é o tocar dos guitarristas, é o estetoscópio do médico, as ferramentas dos mêcanicos, a piada dos humoristas. Escrever era tudo que eu sabia fazer, e assim, em um passe de mágica, eu parei de escrever, e eu parei de saber.
Talvez em breve uma reforma, talvez só o vazio. Talvez 2011 traga coisas boas, talvez coisas ruins para o Eu nunca disse Adeus.
Ou talvez seja a hora de dizer Adeus.

domingo, 7 de novembro de 2010

Trair

Fulano traiu ciclana. Que traiu beltrano. Que traiu mariazinha. Que traiu fulano. Que traiu ciclana.
É assim que me dizem que acontecem. E como tudo na vida. Como algo mais que natural, todos se calam, cruzam os braços, sofrem para si mesmo, superam, ou não, e voltam a viver. O ser humano possui uma inércia natural a viver no sentido mais apurado e real da palavra. Ele só aceita o que vier, mesmo que traga sofrimento. E comumente ele faz outras pessoas sofrerem com o mesmo ato que os fez sofrer.
Traição. Posso concordar que talvez a traição seja uma fato inevitável à maioria dos indivíduos, e eu posso perdoar, e eu posso até superar. Mas eu nunca entenderei. Alguns talvez só não sejam capazes de amar de verdade.
Mas eu sou diferente. Eu acredito nas pessoas. Eu acredito nas pessoas. Eu acredito que a maioria delas prestem. Eu acredito no bem, na inocência, até que se proe o contrário. Eu acredito na humanidade que permite errar e decepcionar. Eu acredito em segundas chances e em ir contra a natureza, porque é isso que nos diferenciam dos outros animais. Saber distinguir o certo errado e poder escolher.
Eu sei que existe parte do mundo que é podre, mas eu acredito que isso possa mudar.
Existe dor, e eu posso sentir. Eu posso sentir da maneira mais profunda e dolorosa. A traição. Mas eu não desareditei.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

one more

Um dia que não é amaldiçoado, soa quase como um aniversário, porque os amaldiçoados são os desaniversário. Você quer parar, quer pensar, quer tirar da unha o esmalte velho de duas semanas atrás, mas você está cansada demais, cansada para levantar e pegar a acetona. Cansada de tentar entender se é sim ou se é não, enquanto bem lá no fundo você sabe que é um não que você tenta descontroladamente transformar em sim. Mas você sabe a verdade, a verdade que ao mesmo tempo tão escondida no mais ínfimo da sua mente, parece estar escancarado e escrito na usa cara, para que todos riam das suas tentativas descontroladas. Você senta, acompanha as batidas do seu coração e pede que elas diminuam assim você pode ouvir a música, se concentrar nela. E na solidão, que não, não é triste, mas que nesse momento é tudo que lhe falta, que lhe necessita, você só observa, e é como se todos tivessem calados por mais que o barulho esteja em todo lugar, porque o barulho mais alto, o mais doloroso, o mais incomodo, o barulho que você não quer ouvir foi o que se calou. O barulho dos seus pensamentos, da verdade gritando para você. Dos risos e das cenas.

domingo, 1 de agosto de 2010

You say goodbye and I..


Dar Adeus dói. Dói muito. Saber que parte de você foi embora e que nunca vai voltar é como uma morte, mas ninguém ousa dizer. Ver seu passado tão doce e tão completo dançando um balé na sua frente e rindo, ah, como ria, o seu passado ria de ti e a doce ironia do destino se juntava a ele. Com os olhos e o coração você queria se atirar a eles, para sempre. Mas com a obediência de uma criança que foi ameaçada à uma sova, você só cala e segura o nó na garganta. Abaixa a cabeça, caem algumas lágrimas, você as seca sem que ninguém perceba, sem que ninguém lembre o quanto o dançarino de balé era importante para você. Levanta a cabeça, cê o dançarino indo embora, vira o rosto e ri, como se nada tivesse acontecido. Como se não houvesse uma lámina raspando cada tecido do seu coração.

Falsidade ? Não, chama-se vida.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Alvo

projeto palavras mil - 20º edição - foto por: tumblr -Semana especial do escritor
E eu tentava de alguma maneira - de todas talvez - escrever uma carta. E talvez esse fosse exatamente o problema, eu não queria escrever apenas uma carta, ela precisava ser ''A'' carta. Minhas palavras deviam tocar, deviam emocionar, minhas palavras deveriam ser capazes de entrar nas mentes mais fechadas e comover. E isso me consumia, a necessidade de escrever chegava a me machucar.
O pôr-do-sol se aproximava, o maço de cigarro já estava no fim, e restavam apenas dois dedos de café na garrafa. O tempo acabava. O celular tocava insensalvelmente, as folhas estavam acabando e eu não chegava nem um pouco mais perto do objetivo.
Então eu olhei para caneta, aquela que sempre me ajuda. Mas que machuca, meus dedos já doíam, eu a apertava com uma força que se traduzia em desespero. E eu sentia a unha entrando na minha mão, sentindo a caneta tentando, e não podia colocar em um objeto a culpa, a culpa que era inteiramente minha. E senti a pressão e a pior parte de escrever. De ser assim, chamada - escritora - e pela primeira vez tudo que eu amo me machucou com a força de tudo que odeio. As palavras me machucaram. As palavras que faltavam e a ausência, que abriram uma fenda - esconderijo da dor -
E finalmente eu me rendi, atendi ao celular:
-Não, eu não consigo escrever. Eu não posso escrever um epitáfio.
Liguei o computador e vi uma foto, éramos nós duas, éramos melhores amigas, e ela era tanto, era tanto que não podia ser capaz de colocar tudo isso em palavras. Em uma frase. Ela salvou minha vida, e ali estava a foto, estávamos rindo e tão distante de agora. O rosto dela tinha uma alegria tão pura, os olhos uma honestidade, uma diversão, a felicidade em sua forma mais bonita. E foi ai que eu peguei a caneta - agora já não machucava mais - e escrevi enfim: ''Uma heroína''.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O tal do..

inferno astral .
Parece que depois de tanto tempo, de tanta evolução, parece que depois que você muda tanto você acaba sempre voltando ao passado. De novo e de novo. Parece que quanto mais você evolui e você esquece mais perto você está do passado. Até que a saudade te parta. Até que o arrependimento, a dor, a felicidade, até que as risadas, até que tudo te coloque em um poço de emoções fortes. Parece que quanto mais você se afasta mais perto você chega. Parece que as coisas nunca mudarão e evolução no fim não foi evoluir. Foi só caminhar. Talvez em círculos. Talvez para a frente. Mas talvez o passado nunca tenha saído de você.
Você inveja o passado e se esquece de como no futuro esse vai ser o seu passado, e que se tudo que você fizer for viver do passado não vai existir mais nada para sentir saudades ou pra invejar. E você percebe que não é uma questão de inferno astral, de azar, de força. Ou de destino. Você percebe que não é questão de fulano ou de ciclano. Você percebe que depende de escolhas. Você escolhe do que vai depender e você escolhe de quem vai depender.
Chega uma hora em que você já conheceu tanta gente ruim, já conheceu tantas características detestáveis que você se cansa. E é sempre assim. Você sempre cansa e parece estar sempre cansada, das pessoas, das coisas, da escola. Mas é só uma questão de escolhas. Mas são escolhas dentro de uma sociedade, que é tão cruel, que errar já é normal, uma sociedade tão cruel que um defeito enorme se torna nada diante de coisas tão piores, então você não se esforça mais pra ser bom. Porque já tem tanta gente ruim. Já tem tanta coisa ruim. Que ser ruim já é tão normal quanto ser bom. Mas novamente, é uma questão de escolhas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fear

E pela primeira vez depois de dois anos ela se deu ao luxo de deixar tudo o que estava bem enterrado dentro dela sair. Aquela leve desconfiança de que ela podia estar errada, de que ela pudesse ter errado, ela deixou se enganar, ela deixou que os outros a enganassem. E ela deixou de pensar que ela podia ter errado. Ela deixou que a defendessem, ela deixou que falassem. Ela ficou calada, e quieta, com medo de que tudo pudesse ser verdade, ela tinha medo de que ela fosse a única pessoa que não era uma pessoa de verdade. Ela tinha medo de errar, tinha medo de que o erro fosse dela. Então ela deixou que a defendessem, deixou que a enganassem, mesmo que bem no fundo ela tivesse essa desconfiança que ela estivesse errada. Porque se ela parasse pra pensar na possibilidade, corria o risco de tudo ser mentira, e ela ser a vilã. E ai ela estaria mentindo, pra si própria e para todos os outros, então ela não pensava, só ignorava, deixava que a convencessem, e balançava a cabeça dizendo que sim. E assim ela seguiu a vida.
Até passarem dois anos. Até se ver na mesma situação de novo. Até que em algo que ela não achava que teria dúvidas, ela teve, e ela não podia usar a mesma desculpa, e ela já tinha crescido, ela não podia mais enterrar e deixar pra pensar naquilo dois ano depois. Ela não podia mais deixar que os outros a enganassem, ela não podia se enganar. Ela não podia deixar esse problema ser resolvido depois, ela precisava pensar, ela precisava encarar o medo. Ela precisava passar por cima de tudo. Ela tinha que passar por cima de tudo, porque ela já era uma garota grande e não podia mais adiar. Ela não saberia o que fazer caso estivesse errada. Caso tivesse permitido que todos a defendessem e ela estivesse errada, caso ela estivesse se enganando há dois anos, caso ela estivesse enganado a todos. Porque ela estava errada.